2
SAMUEL 14.1 – 15.37
1 Joabe, filho de Zeruia, percebendo que o
rei estava com saudade de Absalão,
2 mandou buscar uma mulher astuta em Tecoa, e
lhe disse: Finja que está de luto: vista-se de preto e não se perfume. Aja como
uma mulher que há algum tempo está de luto.
3 Vá dizer ao rei estas palavras, e a
instruiu sobre o que ela deveria dizer.
4 Quando a mulher apresentou-se[38]ao rei,
prostrou-se com o rosto em terra, em sinal de respeito, e lhe disse: “Ajuda-me,
ó rei!”
5 “Qual é o seu problema?”, perguntou-lhe o
rei, e ela respondeu: “Sou viúva, meu marido morreu
6 deixando-me com dois filhos. Eles brigaram
no campo e, não havendo ninguém para separá-los, um acabou matando o outro.
7 Agora, todo o clã levantou-se contra a tua
serva, exigindo: “Entregue o assassino, para que o matemos pela vida do irmão,
e nos livremos também do herdeiro”. Eles querem apagar a última centelha que me
restou, deixando meu marido sem nome nem descendência na face da terra.
8 O rei disse à mulher: “Vá para casa. Eu
mandarei que cuidem do seu caso”.
9 Mas a mulher de Tecoa lhe disse: “Ó rei,
meu senhor, é sobre mim e sobre a família de meu pai que pesará a iniqüidade;
não pesa culpa sobre o rei e sobre o seu trono”.
10 O rei respondeu: “Se alguém ameaçá-la,
traga-o a mim, e ele não mais a incomodará”.
11 Ela acrescentou: “Peço então ao rei que,
em nome do Senhor, o seu Deus, não permita que o vingador da vítima cause maior
destruição, matando meu outro filho”. E disse ele: “Eu juro pelo nome do
Senhor: Nem um só fio de cabelo da cabeça de seu filho cairá”.
12 Disse-lhe ainda a mulher: “Permite que a
tua serva fale mais uma coisa ao rei, meu senhor”. “Fale”, respondeu ele.
13 Disse então a mulher: Por que terá o rei
agido contra o povo de Deus? O rei está se condenando com o que acaba de dizer,
pois não permitiu a volta do que foi banido.
14 Que teremos que morrer um dia, é tão certo
como não se pode recolher a água que se espalhou pela terra. Mas Deus não tira
a vida; ao contrário, cria meios para que o banido não permaneça afastado dele.
15 E eu vim falar sobre isso ao rei, meu
senhor, porque o povo me ameaçou. Tua serva pensou que se falasse com o rei,
talvez ele atendesse o seu pedido
16 e concordasse em livrar a sua serva das
mãos do homem que está tentando eliminar tanto a mim como a meu filho da
herança que Deus nos deu.
17 “E agora a tua serva diz: Traga-me descanso
a decisão do rei, o meu senhor, pois o rei, meu senhor, é como um anjo de Deus,
capaz de discernir entre o bem e o mal. Que o Senhor, o teu Deus, esteja
contigo!”
18 Então o rei disse à mulher: “Não me
esconda nada do que vou lhe perguntar”. “Fale o rei, meu senhor”, disse a
mulher.
19 O rei perguntou: “Não é Joabe que está por
trás de tudo isso?” A mulher respondeu: “Juro por tua vida, ó rei, ninguém é
capaz de desviar-se para a direita ou para a esquerda do que tu dizes. Sim, foi
o teu servo Joabe que me mandou aqui para dizer tudo isso.
20 O teu servo Joabe agiu assim para mudar
essa situação. Mas o meu senhor é sábio como um anjo de Deus, e nada lhe escapa
de tudo o que acontece no país.
21 Depois o rei disse a Joabe: “Muito bem,
atenderei esse pedido. Vá e traga de volta o jovem Absalão”.
22 Joabe prostrou-se com o rosto em terra,
abençoou o rei e disse: “Hoje o teu servo ficou sabendo que o vês com bons
olhos, pois o rei atendeu o pedido de seu servo”.
23 Então Joabe foi a Gesur e trouxe Absalão
de volta para Jerusalém.
24 Mas o rei disse: “Ele irá para a casa
dele; não virá à minha presença”. Assim, Absalão foi para a sua casa e não
compareceu mais à presença do rei.
25 Em todo o Israel não havia homem tão
elogiado por sua beleza como Absalão. Da cabeça aos pés não havia nele nenhum
defeito.
26 Sempre que o cabelo lhe ficava pesado
demais, ele o cortava e o pesava: eram dois quilos e quatrocentos gramas[39],
segundo o padrão do rei.
27 Ele teve três filhos e uma filha, chamada
Tamar, que se tornou uma linda mulher.
28 Absalão morou dois anos em Jerusalém sem
ser recebido pelo rei.
29 Então mandou chamar Joabe para enviá-lo ao
rei, mas Joabe não quis ir. Mandou chamá-lo pela segunda vez, mas ele,
novamente, não quis ir.
30 Então Absalão disse a seus servos: “Vejam,
a propriedade de Joabe é vizinha da minha, e ele tem uma plantação de cevada.
Tratem de incendiá-la”. E os servos de Absalão puseram fogo na plantação.
31 Então Joabe foi à casa de Absalão e lhe
perguntou: “Porque os seus servos puseram fogo na minha propriedade?”
32 Absalão respondeu: “Mandei chamá-lo para
enviá-lo ao rei com a seguinte mensagem: Por que voltei de Gesur? Melhor seria
que eu lá permanecesse! Quero ser recebido pelo rei; e, se eu for culpado de
alguma coisa, que ele mande me matar”.
33 Então Joabe foi contar tudo ao rei, que
mandou chamar Absalão. Ele entrou e prostrou-se com o rosto em terra, perante o
rei. E o rei saudou-o com um beijo.
1 Algum tempo depois, Absalão adquiriu uma
carruagem, cavalos e uma escolta de cinqüenta homens.
2 Ele se levantava cedo e ficava junto ao
caminho que levava à porta da cidade. Sempre que alguém trazia uma causa para
ser decidida pelo rei, Absalão o chamava e perguntava de que cidade vinha. A
pessoa respondia que era de uma das tribos de Israel,
3 e Absalão dizia: “A sua causa é válida e
legítima, mas não há nenhum representante do rei para ouvi-lo”.
4 E Absalão acrescentava: “Quem me dera ser
designado juiz desta terra! Todos os que tivessem uma causa ou uma questão
legal viriam a mim, e eu lhe faria justiça”.
5 E sempre que alguém se aproximava dele para
prostrar-se em sinal de respeito, Absalão estendia a mão, abraçava-o e
beijava-o.
6 Absalão agia assim com todos os israelitas
que vinham pedir que o rei lhes fizesse justiça. Assim ele foi conquistando a
lealdade dos homens de Israel.
7 Ao final de quatro[40]anos, Absalão disse
ao rei: Deixa-me ir a Hebrom para cumprir um voto que fiz ao Senhor.
8 Quando o teu servo estava em Gesur, na
Síria, fez este voto: Se o Senhor me permitir voltar a Jerusalém, prestarei
culto a ele em Hebrom[41].
9 “Vá em paz!”, disse o rei. E ele foi para
Hebrom.
10 Absalão enviou secretamente mensageiros a
todas as tribos de Israel, dizendo: “Assim que vocês ouvirem o som das
trombetas, digam: Absalão é rei em Hebrom”.
11 Absalão levou duzentos homens de
Jerusalém. Eles tinham sido convidados e nada sabiam nem suspeitavam do que
estava acontecendo.
12 Depois de oferecer sacrifícios, Absalão
mandou chamar Aitofel, da cidade de Gilo, conselheiro de Davi. A conspiração
ganhou força, e cresceu o número dos que seguiam Absalão.
13 Então um mensageiro chegou e disse a Davi:
“Os israelitas estão com Absalão!”
14 Em vista disso, Davi disse aos
conselheiros que estavam com ele em Jerusalém: “Vamos fugir; caso contrário não
escaparemos de Absalão. Se não partirmos imediatamente ele nos alcançará,
causará a nossa ruína e matará o povo à espada”.
15 Os conselheiros do rei lhe responderam:
“Teus servos estão dispostos a fazer tudo o que o rei, nosso senhor, decidir”.
16 O rei partiu, seguido por todos os de sua
família; deixou, porém, dez concubinas para tomarem conta do palácio.
17 Assim, o rei partiu com todo o povo.
Pararam na última casa da cidade,
18 e todos os seus soldados marcharam,
passando por ele: todos os queretitas e peletitas, e os seiscentos giteus que o
acompanhavam desde Gate.
19 O rei disse então a Itai, de Gate: Por que
você está indo conosco? Volte e fique com o novo rei, pois você é estrangeiro,
um exilado de sua terra.
20 Faz pouco tempo que você chegou. Como eu
poderia fazê-lo acompanhar-me? Volte e leve consigo os seus irmãos. Que o
Senhor o trate com bondade e fidelidade!
21 Itai, contudo, respondeu ao rei: “Juro
pelo nome do Senhor e por tua vida que onde quer que o rei, meu senhor, esteja,
ali estará o seu servo, para viver ou para morrer!”
22 Então Davi disse a Itai: “Está bem, pode
ir adiante”. E Itai, o giteu, marchou, com todos os seus soldados e com as
famílias que estavam com ele.
23 Todo o povo do lugar chorava em alta voz
enquanto o exército passava. O rei atravessou o vale do Cedrom e todo o povo
foi com ele em direção ao deserto.
24 Zadoque também estava lá, e com ele todos
os levitas que carregavam a arca da aliança de Deus; Abiatar também estava lá.
Puseram no chão a arca de Deus até que todo o povo saísse da cidade.
25 Então o rei disse a Zadoque: Leve a arca
de Deus de volta para a cidade. Se o Senhor mostrar benevolência a mim, ele me
trará de volta e me deixará ver a arca e o lugar onde ela deve permanecer.
26 Mas, se ele disser que já não sou do seu
agrado, aqui estou! Faça ele comigo a sua vontade.
27 Disse ainda o rei ao sacerdote Zadoque:
Fique alerta! Volte em paz para a cidade, você, Aimaás, seu filho, e Jônatas,
filho de Abiatar.
28 Pelos desfiladeiros do deserto ficarei
esperando notícias de vocês.
29 Então Zadoque e Abiatar levaram a arca de
Deus de volta para Jerusalém, e lá permaneceram.
30 Davi, porém, continuou subindo o monte das
Oliveiras, caminhando e chorando, com a cabeça coberta e os pés descalços. E
todos os que iam com ele também tinham a cabeça coberta e subiam chorando.
31 Quando informaram a Davi que Aitofel era
um dos conspiradores que apoiavam Absalão, Davi orou: “Ó Senhor, transforma em
loucura os conselhos de Aitofel”.
32 Quando Davi chegou ao alto do monte, ao
lugar onde o povo costumava adorar a Deus, veio ao seu encontro o arquita
Husai, com a roupa rasgada e com terra sobre a cabeça.
33 E Davi lhe disse: Não adianta você vir
comigo.
34 Mas se voltar à cidade, poderá dizer a
Absalão: Estarei a teu serviço, ó rei. No passado estive a serviço de teu pai,
mas agora estarei a teu serviço. Assim você me ajudará, frustrando o conselho
de Aitofel.
35 Os sacerdotes Zadoque e Abiatar estarão lá
com você. Informe-os do que você souber no palácio.
36 Também estão lá os dois filhos deles: Aimaás
e Jônatas. Por meio deles me informe de tudo o que você ouvir.
37 Husai, amigo de Davi, chegou a Jerusalém
quando Absalão estava entrando na cidade.
Deixe seu comentário sobre esta postagem em
nosso blog, sua opinião é muito importante. Grato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário